segunda-feira, 3 de agosto de 2009

LEMBRANÇA não é o mesmo que SAUDADE

As nossas vidas andam tão cheias de afazeres que, em geral, temos esquecido de uma grande quantidade de compromissos pré-assumidos, inclusive coisas banais, do dia a dia, como esquecer o forno ligado com os pães de queijo do lanche... e só lembrar deles quando os nossos olfatos começam a sinalizar que algo errado está acontecendo, uma vez que neste momento, o cheiro de queimado já impregnou tudo à nossa volta. Para evitar essas "catástrofes", cada um se vira do jeito que pode e acha melhor. Alguns amarram uma fitinha vermelha na ponta dos dedos, afim de não esquecer de seus compromissos mais imediatos. Outros, vivem com um "X" marcado à caneta sobre a mão (no final, são tantos compromissos que nem se lembram mais o motivo DAQUELE lembrete específico... Aff! rs...). Outros ainda, escrevem com batom no espelho, para não esquecer o dentista marcado para daqui 03 meses (este é o caso da minha mãe! rs... Até dá certo.... quando a faxineira não resolve apagá-los antes da hora!)... Eu, por exemplo, encho de bilhetinhos a tela do meu PC, na porta da geladeira... daí por diante...
Mas LEMBRANÇA é algo fácil de se definir (assim como a falta dela... coisa ligada à memória, especificamente).
Agora, tente definir SAUDADE!...
Nossa! Como é difícil definir esta palavrinha que só nós, BRASILEIROS, conhecemos....SIM! Porque saudade só se escreve em português! Em nenhum outro idioma tem-se o equivalente para essa palavra tão complexa e ao mesmo tempo tão ampla!!!
Hoje eu parei para pensar sobre isso porque meu coração estava meio apertado... sem entender direito do que se tratava... daí parei, analisei... e cheguei à conclusão que era a tal da SAUDADE, vindo me visitar... saudade de tantas coisas... tantos lugares... tantas pessoas... Saudades de mim mesma, de um tempo que já ficou para trás...
E, SAUDADES, são sempre boas! Claro!!! Porque só sentimos saudades de momentos, coisas, lugares e pessoas que nos marcaram pela alegria, pela paz, pela serenidade e pelo AMOR que deixaram em nossas vidas. Ninguém sente saudade de um tempo triste e cheio de dores... Se hoje eu sinto saudade de você, daquele tempo e daquele lugar, é justamente porque em mim, ficou apenas o melhor daqueles momentos. Obrigada à você, também, por eu ter a linda oportunidade de sentir... SAUDADES!!!



SAUDADES & LEMBRANÇAS

Podem parecer sinônimos.
Idéia igual, mas diferente no sentir.
Lembrança é da memória, saudade é da alma.
Muitas lembranças, poucas saudades.
Lembranças surgem com um cheiro,
uma música, uma palavra.
Saudade surge sozinha,
emerge do fundo do peito
onde é guardada com carinho.
Lembrança pode ser boa, mas quando não é,
pode-se afastá-la convocando outra lembrança
ou convocando outro pensamento para o lugar,
ligando a TV ou lendo o jornal.
Saudade é sempre boa, mesmo quando dói,
e não se apaga mesmo que outra pessoa tente
ocupar o lugar vazio.
Ela pode coexistir com um novo amor, sem machucá-lo.
Lembrança é de algo real,
de um lugar, uma época, uma pessoa.
Saudade pode ser do que não houve,
de uma possibilidade, de lábios jamais tocados.
Lembrança pode ser contada, medida, localizada,
e com algum esforço,
pode até ser calculada com uma fórmula matemática,
ao gosto dos engenheiros.
Saudade é dos poetas, é pautada em rimas e melodias;
vontade de ver outra pessoa,
segundo os poetas, teria outro nome,
seria uma saudade com tempero, eu acho.
Lembrança pode ser sem som, pode não doer.
Saudade jamais é sem som.
Se ela não vier com música de fundo, a gente coloca,
só para ficar mais bonita, mais gostosa de sentir,
para preencher mais a alma vazia.
Lembrança vence a morte,
mas conforma-se com a ausência,
respeita convenções.
Saudade ignora a morte,
vence distâncias, barreiras e preconceitos.
Lembrança aceita nosso comando,
vai e volta quando queremos.
Saudade é irreverente, independente e auto-suficiente!


A SAUDADE FALA PORTUGUÊS

Eu tenho saudades de tudo que marcou a minha vida.
Quando vejo retratos, quando sinto cheiros, quando escuto uma voz, quando me lembro do passado, eu sinto saudades...
Sinto saudades de amigos que nunca mais vi,
de pessoas com quem não mais falei ou cruzei...
Sinto saudades da minha infância, do meu primeiro amor,
do meu segundo, do terceiro, do penúltimo
e daqueles que ainda vou vir a ter, se Deus quiser...
Sinto saudades do presente, que não aproveitei de todo,
lembrando do passado e apostando no futuro...
Sinto saudades do futuro, que se idealizado,
provavelmente não será do jeito que eu penso que vai ser...
Sinto saudades de quem me deixou e de quem eu deixei,
de quem disse que viria e nem apareceu;
de quem apareceu correndo, sem me conhecer direito,
de quem nunca vou ter a oportunidade de conhecer.
Sinto saudades dos que se foram
e de quem não me despedi direito;
daqueles que não tiveram como me dizer adeus;
de gente que passou na calçada contrária da minha vida
e que só enxerguei de vislumbre;
de coisas que eu tive e de outras que não tive mas quis muito ter;
de coisas que nem sei que existiram mas que se soubesse,
decerto gostaria de experimentar;
Sinto saudades de coisas sérias, de coisas hilariantes,
de casos, de experiências...
Sinto saudades do cachorrinho que eu tive um dia
e que me amava fielmente, como só os cães são capazes de fazer,
dos livros que li e que me fizeram viajar,
dos discos que ouvi e que me fizeram sonhar,
das coisas que vivi e das que deixei passar, sem curtir na totalidade;
Quantas vezes tenho vontade de encontrar não sei o que,
não sei aonde, para resgatar alguma coisa

que nem sei o que é e nem onde perdi...
Vejo o mundo girando e penso que poderia estar sentindo
saudades em japonês, em russo, em italiano, em inglês,
mas que minha saudade, por eu ter nascido brasileira,
só fala português embora, lá no fundo, possa ser poliglota.
Aliás, dizem que costuma-se usar sempre a língua pátria,
espontaneamente, quando estamos desesperados,
para contar dinheiro, fazer amor e declarar sentimentos fortes,
seja lá em que lugar do mundo estejamos.
Eu acredito que um simples "I miss you",
ou seja lá como possamos traduzir saudade em outra língua,
nunca terá a mesma força e significado da nossa palavrinha.
Talvez não exprima, corretamente,
a imensa falta que sentimos de coisas ou pessoas queridas.
E é por isso que eu tenho mais saudades...
Porque encontrei uma palavra para usar
todas as vezes em que sinto este aperto no peito,
meio nostálgico, meio gostoso,
mas que funciona melhor do que um sinal vital
quando se quer falar de vida e de sentimentos.
Ela é a prova inequívoca de que somos sensíveis,
de que amamos muito do que tivemos e lamentamos
as coisas boas que perdemos ao longo da nossa existência...
Sentir saudade, é sinal de que se está vivo!

(Maria Eugênia - Doce Deleite)

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